domingo, 26 de maio de 2013

TODO MUNDO PODE TUDO

Na minha época de estudante, ter acesso ao nível superior, principalmente aos cursos mais concorridos das pouquíssimas faculdades ou universidades existentes, era tarefa para poucos. Acessavam ao curso superior, de forma geral, alunos que se destacavam tanto na vida estudantil, mensurada com notas ou conceitos, quanto na vida pessoal, com uma formação que nos davam uma maturidade muito maior do que as conseguidas pelos atuais estudantes de mesma faixa etária.
A diminuição gradativa da qualidade dos profissionais de nível superior que entram no mercado de trabalho a cada ano é o mais fiel retrato da decadência da qualidade do ensino superior e muito pior, do nível dos estudantes que acessam a este nível de ensino.
As faculdades de hoje não têm preocupação alguma com o nível educacional do candidato a ingressar em seus cursos, bastando que o mesmo se inscreva em duvidosos processos seletivos, que visam apenas atender a requisitos legais. Para algumas é mais importante uma consulta ao SPC do que uma verificação do conhecimento desses candidatos, através de exames mais confiáveis, e que consigam reunir em um curso superior alunos mais preparados para receberem o conhecimento e as responsabilidades necessários ao exercício de uma determinada profissão.
O universo universitário das décadas de 60, 70 e até a primeira metade dos anos 80, era formado por jovens com uma intelectualidade em plena pulsação, com pensamentos direcionados às soluções coletivas dos problemas da sociedade e da humanidade. Quantos estudantes corajosamente empunharam bandeiras nos anos 60, gritaram palavras de ordem nos anos 70 ou pintaram a cara nos anos 80, sonhando com uma sociedade melhor e tendo a certeza de que aquelas eram as atitudes mais corretas e serem tomadas pela juventude deste país. Tanto eram que trouxeram mudanças consideráveis para as novas gerações, desde a erradicação de uma ditadura militar até o afastamento de um presidente eleito, ratificando a força da ainda jovem democracia brasileira.
Mas, o que quer e com o quê sonha o universitário de hoje? Acho que é o que a maioria dos brasileiros infelizmente está querendo: “se dar bem”. Essa famigerada cultura da necessidade de conseguir “se dar bem“ a qualquer custo, somada ao nível de alienação e despreparo dos jovens que acessam a cursos superiores pensando tão somente no status e nas benesses que supõem que essas profissões lhes darão, é que cria os péssimos exemplos de universitários que as manchetes televisivas nos noticiam, cometendo desvios sociais que vão desde roubar e traficar até desafiar a polícia e as leis de trânsito, imbecilmente embriagados, em noitadas, rachas e outras idiotices, achando que um diploma de Bacharel em Direito irá isentá-los ou torná-los imunes à lei.
Pode parecer conservadora a minha opinião de que nem todos os cidadãos brasileiros, principalmente essa parcela alienada da nossa juventude, estão preparados para serem investidos de “poderes” que algumas profissões fazem com que esses jovens acreditem adquirir ao se formar. Mas apesar disso, todo mundo pode tudo, pois não existe mais uma triagem suficientemente eficiente para melhorar o nível dos que acessam ao ensino superior, algo semelhante ao que acontece com o acesso aos cargos públicos desse país.
Todo mundo está em busca de uma redoma, de um esconderijo ou de uma roupagem protetora que os tornem livres para o cometimento de todas as suas aspirações em direção ao poder e ao dinheiro, passando por cima da lei e de todas as regras sociais, sem nenhuma preocupação com as questões coletivas quer sejam regionais ou, menos ainda, as questões que afligem a humanidade, sobrando apenas o foco no individualismo e no egoísmo que essa geração traz enraizados em seu comportamento.
Reflitamos...   


Adriano Lima Neves

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